domingo, 3 de abril de 2011

Caminho para casa

             Quase todos os dias, indo para casa, faço o mesmo trajeto. Um caminho com várias ladeiras, algumas praças e muita, muita desigualdade.
               Certo dia avistei uma senhora. Aparentava ter mais ou menos cinquenta anos. Sua estatura meio enclinada e de lenço na cabeça. Me chamou atenção a quantidade de peso que ela carregava. Eram duas enormes sacolas, que no mínimo pesariam trinta quilos cada uma.Mas ela não levava sua feira e muito menos queria economizar o dinheiro de uma moto táxi. Ela carregava tanto peso por necessidade mesmo e, o que continha na sacola eram latinhas e materiais de reciclagem.
               Esta senhora tinha um expressão triste e desanimada.
               A imagem daquela mulher sofrida deixou-me abismado e curioso. Informei-me e descobrir muito sobre ela. Sua residência ficava a poucos quarteirões de minha casa. Uma casa humilde. E sua história é muito mais triste do que parece.
                Ela sozinha tem  de alimentar uma irmã doente e seus dois filhos, um de sete e outro de dez anos. A irmã tem deficiência mental e, impressionou-me o fato de que esta senhora também possui certo transtorno mental.
              Mas impressionante mesmo foi saber que esta família não se encontra cadastrada em nenhum dos programas do governo. Nem no bolsa família, escola, alimentação ou qualquer outra bolsa. Enquanto isto famílias em que os membros trabalham e que sua renda é superior a um salário mínimo por pessoas (contrariando as regras dos programas) estão cadastrados e desfrutam destes beneficios que deveriam ser destinados àqueles que realmente têm necessidade.
               Resta para esta senhora, catar sucatas para colocar comida na mesa desta família isolada dos beneficio sociais.
              A sociedade se cala perante esta situação, e os que não se calam, como eu, não podem fazer muita coisa. Ficando todos os mais carentes a mercê de uma seleção feita pelo governo, que na verdade exclui.
             Sem poder fazer nada, o que me resta é criticar e faço isto agora usando uma frase da própria senhora na qual ela diz: 
             " Para o governo, o importante não é quem recebe. Para o governo o que importa mesmo, são os seus números e pesquisas".
              

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